domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um dia na Amazónia

Nasce o dia com o barco que ruge Rio Tapajós acima, rumo à floresta que me espera. O céu aqui é mais baixo, muito próximo ao imenso espelho de água que o reflecte. Para trás vai ficando uma Alter-do-Chão onde não os cavalos mas as águas cristalinas e as areias finas fazem os postais. Em frente de mim a razão da minha vinda a estas paragens, esta floresta imensa que se abre à minha frente. Mais adiante já são os meus passos que seguem os dos guias que habilmente descortinam a trilha estreita, me explicam os gritos das aves, me desvendam os mistérios de algumas das plantas que para além de preencher este pulmão vivo também curam dores de cabeça, isolam canoas ou ajudam a emagrecer. Muitos passos e 3 horas depois chegamos à casa da "vovó" de todas as árvores, uma parede imensa à qual a minha máquina não soube ou pôde dar a devida perspectiva e da qual não pude vislumbrar a copa. Na volta a fauna que se fez ouvir sem nunca aparecer resolveu mostrar que não estávamos sós, quando uma venenosa cobra jararaca cruzou o nosso caminho para nos lembrar que não estamos num qualquer parque de diversões mas na maior floresta do planeta, um mundo de maravilhosas surpresas onde somos apenas mais um, um visitante na casa dos outros. Sinto-me cansado e muito pequenino, apenas um mergulho nestas águas me trás de volta à realidade. Mas nem isso me faz esquecer a minha posição relativa neste Mundo, o maior ensinamento que mergulhar nesta floresta me deu.

Alter-do-Chão, Brasil, Janeiro 2009


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