domingo, 6 de novembro de 2011

Destino


Segui o meu destino. A estrada há muito que chamava por mim, clamando pelo meu regresso. Dizia baixinho que sentia falta dos meus pés a percorrê-la, do meu suor a cair lento debaixo do sol quente e do peso da mochila, do meu olhar curioso pousado sobre o horizonte que ela vai desenhando ao longe, indiferente, num acaso. Eu também sentia falta dela, do crepitar da gravilha e dos grãos de areia debaixo dos meus pés, do quente alcatrão a derreter levemente à minha passagem, dos quilómetros que passam a inebriar o meu nariz de cheiros que não sei, do acaso a brincar com o destino enquanto desenrola o meu caminho aos poucos, sem pressa. No entanto foi o mar que me levou. A estrada ficou para mais tarde, vencida pela imensidão magnética do oceano que me ondulará, preguiçosamente, carregando-me  através da vastidão de água que levou os Portugueses de outrora a destinos desconhecidos, como esse que irei descobrindo aos poucos, a oeste. Sigo, parto de Lisboa levado pelo mar, viajando novamente, cumprindo cada dia o meu destino.

Lisboa, Portugal, 13 de Outubro de 2011