domingo, 15 de fevereiro de 2009

Solavanco, ou a condição de ser humano



Estou em São Luis mas não queria aqui estar. Pela primeira vez nesta viagem queria estar longe de onde estou. Este enorme "Bairro Alto" solarengo, qual Lisboa dos dias de Verão, não é capaz de me matar a vontade de estar noutras paragens. A paragem aqui foi pensada mas acabou por ser maior, forçada, num momento em que o corpo cedeu e a mente lhe segui as pisadas para me fazer questionar, quase desistir, num momento de fraqueza, humano e natural. Se ao menos pudesse parar por um dia, apanhar o barco para a outra margem e descer o país rumo ao Sul... Mas na outra margem não há Cacilhas, há uma Alcântara que é outra, e não há estrada ou comboio para me levar. Estaciono antes no 'Antigamente' de onde escrevo enquanto vejo quem passa, pensando e contemplando o que fazer. A gente que passa alheia aos meus problemas e questões segue a sua vida, tal como eu devo seguir a minha, rumo a outras paragens, seguindo o sonho já que outros não são agora possíveis e desistir deste seria uma estupidez sem fim...
Sigo, sem saber bem como nem porquê, mas sigo! Não vou baixar os braços assim tão facilmente deixando para trás um sonho que o instinto me dita e que a sorte me permite realizar a cada dia. Mais difícil que o pensado, mais profundo que o planeado, mais audaz que o sonhado, demasiado importante para terminar assim. Por mais nobres razões o faria, por elas o farei quem sabe, mas sem elas desistir não mais seria que desistir da vida e isso não é para mim. Antes sigo, adiante há mais caminho por descobrir...

São Luis, Brasil, Fevereiro 2009

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