terça-feira, 10 de novembro de 2009

No berço do Sol

Inspiro. O pouco oxigénio é rapidamente levado a cada cansada célula do meu organismo, todas invariavelmente ofegantes depois de várias subidas e descidas debaixo do quente e intenso sol desta ilha do mesmo nome e onde os Incas prestavam homenagem a este seu deus supremo, ilha que consideravam o seu berço. Sentado no topo desta montanha olho à minha volta e vejo o famoso lago Titicaca, incrustado no sopé de montanhas ainda mais altas que ele e que o rodeiam e o encaixam entre a rocha e o céu, fazendo deste lago pouco mais que um espelho do que o rodeia e do mundo. Fecho os olhos e sinto-me como um pequeno gigante no topo do mundo. Imagino as minhas pernas grandes o suficiente para chegar à margem com um pequeno salto, como se estivesse apenas sentado numa pequena rocha dentro de um qualquer charco. Sinto os meus braços longos o suficiente para agarrar os barcos que vejo a navegar este lago e brincar com eles, como uma qualquer criança numa tarde de verão. Ponho-me de pé e consigo tocar o céu, soprar as poucas nuvens de um lado para o outro, queimar a ponta dos dedos ao tocar o astro que me ilumina e me queima. Abro os olhos, sinto o sol a alucinar-me a cabeça e olhando à minha volta entendo agora porque os Incas sabiam que era este o berço do Sol. Expiro, é hora de seguir.

Ilha do Sol - Lago Titicaca, Bolívia, Agosto 2009











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