terça-feira, 10 de novembro de 2009

Em Arequipa

Vagueio. Percorro uma vez mais as branca ruas de pedra vulcânica que fazem esta linda cidade, uma pegada à outra, ruas sem fim. Casa após casa, igreja após igreja, um cruzamento leva a outro e sinto-me às voltas num labirinto feito de ruas a direito e com saídas perfeitas mas inalcançáveis. Corro rápido e não chego, apesar de as ver todas à distancia de um braço a cada passo que dou. Sinto como se a cidade não me quisesse deixar partir, mas talvez seja apenas eu que não quero ir, talvez seja apenas eu que sei que nunca mais irei daqui partir, desta cidade onde vivi alguns dos melhores momentos desta viagem. Paro na praça principal e vejo ao fundo o negro vulcão que decora um dos seus cantos, o meu canto, onde passei muitos minutos transformados em dias, sempre ouvindo uma música que apesar de repetitiva nunca me cansou enquanto esperava um olhar, esse teu olhar que me prende aqui para sempre. Olho o vulcão e desejo que ele possa cuspir cá para fora o que este outro que trago dentro de mim não pode, mas a negra montanha invariavelmente olha para mim, inerte, inóspita, negra. Corro muito rápido mas o chão parece fugir debaixo dos meus pés e tropeço caindo. Levanto-me e tropeço de novo, mas levanto-me outra e outra vez. Quero chegar ao meu canto da praça mas cada pedra do chão parece querer levantar-se para não me deixar andar. Na última queda, já a meio da praça, a minha cabeça bate no duro pavimento e sinto-me perder os sentidos ao mesmo tempo que começo a flutuar pelo ar. Já bem alto ouço uma música que começa a tocar ao longe e que não é a monótona música que sempre escutei, é apenas o bater do meu coração que avistou o teu e trauteia assim:


Llego por la calle que dibuja el corazón,
Entro por la puerta de un mundo de pasión,
Abro la sonrisa al encontrar el callejón,
Donde estás parada escuchando mi canción.

Siento dentro mí una suave explosión,
Como un dulce trueno que me aplasta el corazón,
Veo en tu mirada la belleza de un marrón
Que no existe, es tan lindo, debe ser una ilusión.

Quiero ya besarte y no sé cómo es posible
Que me sienta así, recién te veo, es increíble
Pero no hay control eres un sueño que yo vivo
Aquí en vivo y que lindo, no quiero más despertar.

Eres la hermosura que encontré en mi camino
Eres una magia que me llena de cariño,
Eres dulce amor una sonrisa que me atrapa
Desde que te encontré.

En Arequipa, encontré el calor de una mirada,
La sonrisa de una chica enamorada,
En sus labios la dulzura que me llena el corazón.

Ciudad bonita, donde me crucé con la más linda nena,
Que me abraza con su suave piel morena,
Despertando con su ser dentro de mí la gran pasión,
Elena

Os meus lábios cantam a música que me dita cada batida do meu coração, mas não chega, não chegam. Vejo o teu olhar uma última vez, fugidio, que me abraça e ao mesmo tempo me diz que siga. Vagueio uma vez mais, mas o branco das ruas já não é o mesmo e o negro do alcatrão acaba por apontar de novo o caminho. Vagueio, uma vez mais, ainda que sinta que o meu caminho aponta na direcção oposta ao que a estrada desenha lá ao fundo no horizonte.

Arequipa, Peru, Agosto 2009







Sem comentários: