segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma aldeia


Uma aldeia. Grande, mas uma aldeia. Cheia de carros e prédios, do mais moderno da modernidade, das lojas de grandes marcas, dos bairros ricos e exclusivos. Mas ainda assim uma aldeia, cheia de gente simples, que vagueia as ruas desta grande cidade indiferente ao seu tamanho, vivendo como numa qualquer aldeia dos Andes, com as mesmas roupas e hábitos simples vividos por séculos e onde apenas o ocasional telemóvel interrompe o vagaroso caminhar que os impede de se afogar na rarefacção de oxigénio causada pela altitude. Uma aldeia de feiras e igrejas e ruas cheias de gente e cores e casas penduradas nas paredes que rodeiam o vale e que se amontoam umas nas outras, aldeia em cima de aldeia, muitas aldeias nesta aldeia grande de gente simples. Aldeia cheia também de turistas, muitos deles alheios a ela, fechados em bolhas de ocidentalidade de onde não saem senão na hora de chegar e partir, sem nunca provar da aldeia o seu verdadeiro sabor, o viver das suas gentes, a verdadeira essência de La Paz. Uma aldeia, onde o meu caminhar apressado me faz faltar o ar, talvez porque me deixe enganar pela sua aparência de cidade e me esqueça que estou afinal numa aldeia, e nas aldeias não há razão para ter pressa.


La Paz, Bolívia, Agosto 2009











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